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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Meu ideal seria escrever...

Meu ideal seria escrever... uma carta para meu filho.
   Em uma folha de papel branco, tão alvo como a primeira luz do dia, para que as palavras ali resplandecessem como a estrela da manhã.
   Enviaria pelos Correios, envelopada, a ser entregue pelas mãos de um carteiro.
   Seria tão somente uma carta assim endereçada:
Para meu filho, com  carinho 
De sua mãe
   Deste modo, eu poderia lhe falar, sem a timidez a que o afeto me constrange, sobre a dor do que passou.
   E lhe pediria perdão pelo garoto travesso que ele não foi, pela pipa que deixamos de empinar, pelas bolinhas de gude guardadas na gaveta à espera de um chão de terra.
   Pelas poucas gargalhadas que demos, pelas histórias que não contei e por não ter escutado seus sonhos.
   Lhe pediria também compreensão por meus desacertos, pois eu estava aprendendo – a partilhar meu tempo, meus pensamentos, meu querer. Estava aprendendo a amar. 
   Hoje nos separamos. É preciso, é da vida. Mas ainda há tempo. 
   De subirmos no galho mais alto de uma velha árvore para, de lá, admirar o mundo, com o olhar confiante de um menino.
   E recomeçarmos nossa história, descuidados, comendo escondidos toda a sobremesa do jantar, esperando de mãos dadas pelo ataque dos índios. - LIC, jan. 1998.

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