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sexta-feira, 3 de maio de 2024

POR NADA

Por um nada, me entristeci. Não, não foi por um nada porque, se tivesse sido por um nada, não teria me entristecido.

Nem quero me lembrar desse nada que não foi um nada pra não me entristecer novamente.

Assim como esse nada chegou, ele foi embora. Modo de dizer. O Jung diz que tudo fica guardadinho no inconsciente, nos dois - o pessoal e o coletivo.

Estou lidando com os dois na terapia e, seguindo o conselho do Gurgel, o Rodrigo, escrevendo "Meu querido diário..."

Ele, o Gurgel, não meu diário, diz que escrever é, muitas vezes, exorcizar-se.

Pois é o que estou fazendo, para expulsar aquele nada que me colocou diante desta página em branco.

Estava em branco e poderia ficar recheada de pensamentos porque, naquele instante, quando aquele nada me entristeceu, minha mente deu 100 voltas ao redor do mundo, com impressionantes saltos acrobáticos, do passado para o presente, do presente para o futuro.

LoucaMente!

Nem vou escrever aqui um tantinho desse turbilhão. Precisaria mais do que uma página em branco.

Vamos ao episódio seguinte.

Meu celular tocou. Levei um susto e aterrissei daquele voo acrobático. Era meu pai.

Minha LoucaMente se aquietou por um outro nada, que, dessa vez, me alegrou. Até sorri.

Então, o primeiro nada mergulhou no pedaço submerso do iceberg.

Se algum dia ele tentar emergir, volto a escrever e, quem sabe, o telefone volta a tocar.

É assim que acontece, é assim que vou levando a vida - de nadas em nadas que ora me alegram, ora me entristecem.

LIC, 3 maio 2024

terça-feira, 30 de abril de 2024

GULA

 

Ontem, almocei num restaurante por quilo perto de casa.

Comi duas coxas de frango com batatas assadas, um tanto de alface crespa, rabanete fatiado e cenoura ralada.

Minha nutricionista quantificaria como uma refeição frugal, sóbria, simples, e qualificaria como balanceada - proteína animal, carboidrato, verdura e legume.

Não costumo comer sobremesa: nem fruta nem doce.

Mas... um pudim coberto com coco ralado me atraiu. Eu amo coco e tudo feito com coco!

O prazer sugeriu uma fatia pequena sem que a necessidade pedisse.

Tanto foi o prazer que, a cada bocada, eu suspirava num gozo degustativo.

Fui saboreando lentamente para que não acabasse nunca, já insatisfeita com a quantidade.

Ah, a eterna insatisfação com a quantidade... seja lá do que for.

Diante do prato vazio, com somente uns farelos do coco ralado, imediatamente pensei em repetir.

"Só mais um pedaço", disse a mim mesma, e ouvi, prontamente, um "Não!".

Era meu médico gritando no meu ouvido "Evite açúcar!".

"Então, só mais um pedacinho", argumentei.

E, tão prontamente quanto aquela primeira voz, ouvi Agostinho (o bispo) sussurrando "Não há quem, por vezes, não tenha comido mais do que exige a necessidade".

Que consolo!

Meu estômago estava dominado pelo descontrole, mas justificado por um santo homem.

Desta vez, fatiei generosamente.

Dizem que devemos esquecer o passado.

Tentei, mas tinha pudim de coco ralado lá no Quilão novamente hoje.

Se pequei, Senhor, tenho ótimas desculpas.

LIC, 30 abril 2024