O “mundo” acredita que campeão é o último que dá o golpe. Com quem compararei um campeão? – pergunta Jesus. Campeão é aquele, responde Cristo, que, depois de receber um golpe na face direita, permanece íntegro e, dono de si, pode apresentar tranquilamente a face esquerda. Esse é o mais forte. Quanta revolução só nessa comparação! - Ignacio Larrañaga, O Silêncio de Maria 2012, p. 198.
Hævnen (In a Better World), Melhor filme estrangeiro | Golden Globe Award | 2011; Melhor filme estrangeiro | Oscar | 2011.
O meu olhar. O olhar do outro. O olhar profano. E o místico. Feminino e masculino. Olhares apaixonados. Outros, razão pura. Todos, restritos. Poucos se aproximam do Infinito. São nossos olhares, distintos olhares sobre o mesmo Universo. Porque "agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido" (1Cor 13, 12).
Foto
terça-feira, 30 de setembro de 2014
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Mais sobre a alegria
Disse um amigo ao outro, sobre a ponte:
- Olha como os peixes estão alegres no rio.
O outro replicou:
- Como é que tu, que não és peixe, sabes que os peixes estão alegres no rio?
O primeiro respondeu:
- Por minha alegria em cima da ponte. Apólogo chinês - Ignacio Larrañaga, Sofrimento e Paz 2013, p. 5.
- Olha como os peixes estão alegres no rio.
O outro replicou:
- Como é que tu, que não és peixe, sabes que os peixes estão alegres no rio?
O primeiro respondeu:
- Por minha alegria em cima da ponte. Apólogo chinês - Ignacio Larrañaga, Sofrimento e Paz 2013, p. 5.
Terry GILECKI | Paint Brush |
Lembre-se sempre que a existência é uma festa, e viver é um privilégio. Há uma planta que você tem que cultivar diariamente com especial cuidado e carinho: a alegria. Quando essa planta inundar sua casa com a sua fragrância, todos os seus irmãos, e até os peixes do rio, vão saltar de alegria. - Ignacio Larrañaga, Sofrimento e Paz 2013, pp. 82-83.
domingo, 28 de setembro de 2014
sábado, 27 de setembro de 2014
Eu, salvador de mim
Não há especialista que possa salvar-me com suas análises e receitas. A “salvação” é a arte de viver, e a arte de viver aprende-se vivendo: ninguém pode viver por mim ou no meu lugar. Não há profissional ou orientador que seja capaz de infundir no discípulo coragem suficiente para jogar-se pela ladeira da salvação; é o próprio discípulo que precisa tirar de seu fundo ancestral as energias elementares para atrever-se a enfrentar o mistério da vida com todos os seus desafios, exigências e ameaças.
É a própria pessoa que pode e deve salvar a si mesma, para adquirir a tranquilidade da mente e o gozo de viver. Para isso, tem que começar acreditando em si mesma e tomando consciência que todo ser humano é portador de imensas capacidades que, normalmente, estão adormecidas em suas galerias interiores; capacidades pelas quais o homem pode muito mais do que imagina, se as despertar e trouxer para a luz. Além disso, ele dispõe de sua mente, grávida de forças positivas a que pode dar livre curso. [...]
No fim, não tenho outro “salvador” senão eu mesmo. - Ignacio Larrañaga, Sofrimento e Paz 2013, pp. 19-21.
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Ébrio de mim mesmo
Evocações
Consideramos a vida vazia e inútil quando nossa alma vaga por lugares desolados ou quando o coração está ébrio de si mesmo. - Ignacio Larrañaga, Carta Circular 26, dez. 2010, p. 2.
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
Amém!
Conheci um crente que, em uma oportunidade, pegou uma grande folha de papel branco. Na parte inferior, como rubrica, colocou, com letras grandes, uma só palavra: AMÉM.
Em seguida, desde de cima da página, começou a escrever a longa e dolorosa história de sua vida: os fracassos imprevistos, as grandes calamidades, os desenganos e as incompreensões. Amém à insônia, à fadiga, à chuva e ao sol, aos tórridos verões e aos invernos gelados. Amém aos companheiros irritáveis, cheios de nervos e manias. Amém aos pais que padecem pela idade, que os tornam egoístas e de mau gênio.
Mas aquele amém que, com letras grandes, havia colocado ao pé da página, havia transformado tudo em amor, havia neutralizado o veneno e transformado a amargura em doçura.
Desta maneira, olhando para trás, aquele amém de letras grandes havia convertido sua vida em uma existência radiante. - Ignacio Larrañaga, Carta Circular nº 21 junho 2006, p. 11.
Em seguida, desde de cima da página, começou a escrever a longa e dolorosa história de sua vida: os fracassos imprevistos, as grandes calamidades, os desenganos e as incompreensões. Amém à insônia, à fadiga, à chuva e ao sol, aos tórridos verões e aos invernos gelados. Amém aos companheiros irritáveis, cheios de nervos e manias. Amém aos pais que padecem pela idade, que os tornam egoístas e de mau gênio.
Mas aquele amém que, com letras grandes, havia colocado ao pé da página, havia transformado tudo em amor, havia neutralizado o veneno e transformado a amargura em doçura.
Desta maneira, olhando para trás, aquele amém de letras grandes havia convertido sua vida em uma existência radiante. - Ignacio Larrañaga, Carta Circular nº 21 junho 2006, p. 11.
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Em busca do sentido perdido
Vivemos uma época de crise que se distingue pela sensação de vazio existencial ou perda do sentido da vida. Por isso, estamos necessitados de transcender-nos continuamente, de dar passos para a frente.
Transcender-se é ir além; superar de alguma maneira as próprias fronteiras e limites pessoais. O ser humano não é uma entidade acabada; é um devir, um estar fazendo-se na contingência. A questão é abrir-se cada vez mais à dimensão da profundidade, como dizia Goethe: “A divindade atua no vivo, no que se torna e muda, não no consolidado e inerte”.
Normalmente, as Igrejas são as encarregadas de manter viva e crescente essa transcendência, mas elas se transformaram, como diz Balducci, em ideologias sacras, com uma linguagem em desuso que não nos diz nada. Isso explica o desencanto crescente e a tendência a desfazer a filiação a essas Igrejas.
Em contrapartida, surgem por toda parte seitas, ofertas e propostas de todas as espécies – sinal evidente de que infinitos finitos da sociedade consumista não podem saciar um poço infinito. Só um Infinito pode enchê-lo.
Em contrapartida, surgem por toda parte seitas, ofertas e propostas de todas as espécies – sinal evidente de que infinitos finitos da sociedade consumista não podem saciar um poço infinito. Só um Infinito pode enchê-lo.
Por isso, vai chegar – e já está chegando! – uma nova era de fome de Deus, uma busca ardente e profunda do Deus vivo e verdadeiro. - Ignacio Larrañaga, As Forças da Decadência 2005, pp. 30-31.
terça-feira, 23 de setembro de 2014
A Sagração da Primavera, parte 1
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (Jo 1, 1).
Fantasia - Le Sacre du Printemps (Partie 1) por disney-world81
Fantasia - Le Sacre du Printemps (Partie 1) por disney-world81
Cena I
Em uma parede, Marilyns e o Cristo preso à cruz dourada disputam espaço e devoção.
Na outra, do teto ao rodapé, o espelho de camarim é uno e soberano senhor.
A janela está escancarada, feito pernas de mulher vadia, expondo o Mangue sem pudor nem retoques.
Lasar SEGALL | Dois nus | 1930 |
Brota do teto um fio descamado a sustentar o lustre japonês de papel de arroz. A lâmpada vermelho incandescente demarca aquele território.
Sobre uma tosca mesa de centro, o vaso bico de jaca acolhe girassóis de plástico salpicados de cocô de mosca.
De costas para a janela, o encosto da cadeira de fórmica verde sustenta seu vestido de cetim vermelho e um terno de linho cru.
No ar, tem perfume de jasmim-do-cabo e o choro faminto do menino enjeitado entretecido de gemidos e sussurros. - LIC, 2002.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Morrer ou Deixar-se morrer
A grande crise
Gustave DORÉ | Caronte | 1857 |
Tudo o que vive – vegetal, animal, homem – tem mecanismos apropriados para não se extinguir. É o instinto de conservação: são poderosas forças defensivas, mais fortes no animal que no vegetal e muito mais fortes no homem que no animal. Um animal, uma vez tendo entrado no processo de extinção, deixa-se morrer, não resiste, apaga-se como uma vela: a morte “realiza-se” nele.
Só no homem existe a agonia, porque o humano toma consciência da extinção e resiste. Só o homem morre. O animal deixa-se morrer.
Para muitos, a vida é uma lenta agonia, principalmente nos anos do ocaso, porque vivem dominados pelo medo. - Ignacio Larranãga, Mostra-me o teu Rosto 2011, p. 460.
domingo, 21 de setembro de 2014
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
Jesus realmente existiu?
Uma mensagem a ser (ainda) entendida
Este programa tem como tema e foco um homem revolucionário. Se ele existiu realmente ou é fruto da imaginação humana, isto é assunto para quem quer se distrair no cipoal das dúvidas.
Importa, sim, o mais singelo preceito da mensagem que ficou. Se praticado, modificaria a face do planeta Terra. "Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15, 12).
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Desperte!
A causa geral do sofrimento humano é resultado da mente. Falando de maneira gráfica e aproximativa, diria que 80% ou 90% do sofrimento é uma questão subjetiva. Poderíamos dizer que o novo nome do “inferno” é “mente”, porque não devemos esquecer que “inferno” significa “sem saída”, e onde não existe saída existe prisão, e onde existe prisão existe angústia.
É a mente que aperta e asfixia o pobre homem entre seus muros circulares até que ele se sinta sufocado, sem saída possível. Ou melhor, é a mente que se sente aprisionada em si mesma.
Não há pior prisão nem mais dura escravidão que uma mente ocupada com suas obsessões. Mas essa notícia, em vez de ser amarga, é uma boa notícia porque, assim como nossa mente gera a angústia, também pode gerar a liberdade. Tudo está em nossas mãos: o bem e o mal. O problema é um só: despertar. - Ignacio Larrañaga, A Arte de Ser Feliz 2012, pp. 33-34.
É a mente que aperta e asfixia o pobre homem entre seus muros circulares até que ele se sinta sufocado, sem saída possível. Ou melhor, é a mente que se sente aprisionada em si mesma.
Não há pior prisão nem mais dura escravidão que uma mente ocupada com suas obsessões. Mas essa notícia, em vez de ser amarga, é uma boa notícia porque, assim como nossa mente gera a angústia, também pode gerar a liberdade. Tudo está em nossas mãos: o bem e o mal. O problema é um só: despertar. - Ignacio Larrañaga, A Arte de Ser Feliz 2012, pp. 33-34.
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Ainda sobre a alegria
Evangelii Gaudium*
5. O Evangelho, onde resplandece gloriosa a Cruz de Cristo, convida insistentemente à alegria. Apenas alguns exemplos: "Alegra-te" é a saudação do anjo a Maria (Lc 1, 28). A visita de Maria a Isabel faz com que João salte de alegria no ventre de sua mãe (cf. Lc 1, 41). No seu cântico, Maria proclama: "O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador" (Lc 1, 47). E, quando Jesus começa o seu ministério, João exclama: "Esta é a minha alegria! E tornou-se completa!" (Jo 3, 29). O próprio Jesus "estremeceu de alegria sob a ação do Espírito Santo" (Lc 10, 21). A sua mensagem é fonte de alegria: "Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria e a vossa alegria seja completa" (Jo 15, 11). A nossa alegria cristã brota da fonte do seu coração transbordante. Ele promete aos seus discípulos: "Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há de converter-se em alegria" (Jo 16, 20). E insiste: "Eu hei de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria" (Jo 16, 22).
Depois, ao verem-No ressuscitado, "encheram-se de alegria" (Jo 20, 20). O livro dos Atos dos Apóstolos conta que, na primitiva comunidade, "tomavam o alimento com alegria" (2, 46). Por onde passaram os discípulos, "houve grande alegria"(8, 8); e eles, no meio da perseguição, "estavam cheios de alegria" (13, 52). Um eunuco, recém-batizado, "seguiu o seu caminho cheio de alegria" (8, 39); e o carcereiro "entregou-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus" (16, 34). Porque não havemos de entrar, também nós, nesta torrente de alegria?
*exortação apostólica do papa Francisco publicada em 2013
Fonte: http://www.news.va/pt/news/primeira-exortacao-apostolica-de-papa-francisco-te
terça-feira, 16 de setembro de 2014
Onde a morte é o dobro da vida
Morte e Vida Severina: auto de Natal pernambucano, obra-prima de João Cabral de Melo Neto, publicada em 1956, mostra uma realidade brasileira que em 2014 ainda não é ficção.
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Sobre a alegria
A pobreza mais profunda é a carência de alegria. Esta pobreza está hoje presente nas sociedades pobres e ricas. A incapacidade de alegria produz a incapacidade de amar e esta, por sua vez, arrasta invejas e outros sentimentos mesquinhos. - Ignacio Larrañaga, Carta Circular nº 23, p. 11.
sábado, 13 de setembro de 2014
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Não sabemos nada
Toda pessoa é mistério, isto é, um mundo e uma experiência que nunca se repetirão; eu só e uma só vez.
O outro, como mistério que é, é um mundo sagrado; e, como sagrado, merece respeito.
A primeira coisa que um sábio sabe é que não sabemos nada do outro, porque o outro é um mundo desconhecido. E a atitude elementar ante o desconhecido é, quando menos, a do silêncio, porque no fundo não sabemos nada do outro. [...]
A falta de respeito chama-se maledicência. - Ignacio Larranãga, Transfiguração 2012, p. 109.
O outro, como mistério que é, é um mundo sagrado; e, como sagrado, merece respeito.
A primeira coisa que um sábio sabe é que não sabemos nada do outro, porque o outro é um mundo desconhecido. E a atitude elementar ante o desconhecido é, quando menos, a do silêncio, porque no fundo não sabemos nada do outro. [...]
A falta de respeito chama-se maledicência. - Ignacio Larranãga, Transfiguração 2012, p. 109.
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
O impossível
Comece fazendo o que é necessário, depois, o que é possível e, de repente, estará fazendo o impossível. - Ignacio Larrañaga, Carta Circular nº 23, p. 9.
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Short story
Ao fechar a porta, nem remorso levava. Somente um bilhete pra Pasárgada. - LIC, 2009.
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Manuel BANDEIRA | Libertinagem | 1930
terça-feira, 9 de setembro de 2014
Um poema oriental
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Humana humilitas
Evocações
Um dia me dei conta de que, quando dou as costas ao Sol, não vejo mais que minha própria sombra. - Ignacio Larrañaga, Cartas Circulares, Carta Circular nº 26 jun. 2010, p. 2.
Um dia me dei conta de que, quando dou as costas ao Sol, não vejo mais que minha própria sombra. - Ignacio Larrañaga, Cartas Circulares, Carta Circular nº 26 jun. 2010, p. 2.
sábado, 6 de setembro de 2014
Ainda o amor...
Diz o Talmude:
O ferro é forte, porém o fogo o derrete.
O fogo é forte, porém a água o apaga.
O homem é forte, porém os temores o deprimem.
O temor é forte, porém o sono o dilui.
Somente o amor sobrevive a tudo. - Ignacio Larrañaga, O Casamento Feliz 2011, p. 29.
O ferro é forte, porém o fogo o derrete.
O fogo é forte, porém a água o apaga.
O homem é forte, porém os temores o deprimem.
O temor é forte, porém o sono o dilui.
Somente o amor sobrevive a tudo. - Ignacio Larrañaga, O Casamento Feliz 2011, p. 29.
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Desejo
Martirizo, sufoco, soterro
a ânsia de em mim
o ser amado ter,
por uma lucidez que redentora
os deuses dizem ser.
Por que conter o desejo devo
se pecadora, nem bacante,
ou, como Madalena, penitente sou,
mas só uma frágil fêmea amante? - LIC, fev. 2007
a ânsia de em mim
o ser amado ter,
por uma lucidez que redentora
os deuses dizem ser.
Por que conter o desejo devo
se pecadora, nem bacante,
ou, como Madalena, penitente sou,
mas só uma frágil fêmea amante? - LIC, fev. 2007
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
As múltiplas faces do amor
Amor! Palavra mágica e equívoca.
O que é o amor? Emoção? Convicção? Conceito? Ideal? Energia? Êxtase? Impulso? Vibração?
O que se vive, não se define. Tem mil significados, veste-se de mil cores, confunde como um enigma, fascina como uma sereia.
Alguns acham que não existe diferença entre o amor e o ódio, que são duas faces da mesma coisa. Outros dizem que o egoísmo e o amor são a mesma energia. E isso é verdade. Só muda o destinatário. - Ignacio Larrañaga, Suba Comigo 2011, p. 111-112.
O que é o amor? Emoção? Convicção? Conceito? Ideal? Energia? Êxtase? Impulso? Vibração?
O que se vive, não se define. Tem mil significados, veste-se de mil cores, confunde como um enigma, fascina como uma sereia.
Alguns acham que não existe diferença entre o amor e o ódio, que são duas faces da mesma coisa. Outros dizem que o egoísmo e o amor são a mesma energia. E isso é verdade. Só muda o destinatário. - Ignacio Larrañaga, Suba Comigo 2011, p. 111-112.
terça-feira, 2 de setembro de 2014
A irracionalidade de Deus e do amor
Woody Allen retoma velha forma, expõe a dúvidas misantropo arrogante e sugere: entre ceticismo e ingenuidade, saída pode ser sentimento que, sem explicar, evidencia
Dizer que Magia ao luar é entretenimento inteligente é dizer pouco. Trata-se do filme mais engenhoso e “redondo” de Woody Allen em muitos anos. Mais que isso: sintetiza à perfeição suas reflexões de maturidade a respeito da vida e seus mistérios insolúveis. Tudo isso com a leveza e o savoir-faire dos melhores momentos do diretor.
Numa narrativa em que tudo gira em torno do engano e do autoengano, a trama é, ela própria, enganosamente simples: Stanley (Colin Firth), um célebre mágico inglês que atua sob o nome artístico de Wei Ling Soo, é incitado por um velho colega de profissão (Simon McBurney) a desmascarar uma jovem médium norte-americana, Sophie (Emma Stone), que está causando furor na Europa.
A ação se passa em 1928, no sul da França, onde Sophie está prestes a ficar noiva de um rapaz milionário (Hamish Linklater).
Crer ou não crer
Não cabe aqui entrar em detalhes sobre o desenvolvimento e as reviravoltas da história, mas apenas atentar para a ideia básica que conduz a narrativa: a tensão entre a credulidade e o ceticismo. O interessante, na evolução dramática do filme, é fazer com que essa oposição se instale no íntimo do protagonista Stanley, abalando sua firme posição inicial de misantropo arrogante e sarcástico. A frase que resume sua filosofia de vida, antes da crise, parece ter saído diretamente da boca do diretor: “Nascemos e, apesar de não termos cometido nenhum crime, somos condenados à morte”. Crer ou não crer, eis a questão.
Na dialética proposta por Woody Allen, se a fé é a tese e a descrença é a antítese, uma síntese possível seria o amor, capaz de evidenciar, sem explicar, a substância mágica de todas as coisas do universo, inapreensível tanto pela ciência como pela religião.
O método de construção aqui é o que, com alguma liberdade, poderíamos chamar de socrático: o diálogo que solapa certezas e introduz a dúvida. O discurso do protagonista se enche progressivamente de expressões adversativas, do tipo “apesar de”, “se bem que”, “não obstante” (“in spite of”, “though”, “notwithstanding that”). Essa argúcia discursiva atinge o ápice no diálogo entre Stanley e sua tia Vanessa (Eileen Atkins) a respeito da médium Sophie, no qual tudo o que se fala quer dizer exatamente o seu contrário. O efeito é reforçado pelo fato de se tratar de dois estupendos atores ingleses tarimbados na arte do understatament e do subtexto.
Epifania e sacanagem
Já se disse com razão que Woody Allen é muito mais um escritor, um dramaturgo, do que propriamente um grande cineasta. Ao contrário de um Welles ou de um Kubrick, não é na expressão visual que reside a sua força. Mesmo tendo como locações a paisagem deslumbrante da Riviera francesa, bosques e palácios majestosos, o filme poderia ser uma peça de teatro sem grande perda de substância. Ainda assim, há momentos visualmente inspirados.
Um deles é antológico. O mágico e a médium refugiam-se da chuva num velho observatório à beira-mar. Quando a chuva passa – e a intimidade entre os dois aumenta –, Stanley aciona o mecanismo que abre parcialmente a cúpula do observatório, deixando ver as estrelas e uma lua minguante. É um momento de epifania e, ao mesmo tempo, uma imagem quase pornográfica, em que o fálico telescópio está prestes a penetrar a fresta em forma aproximada de vagina. Poesia e safadeza juntas, mostrando que o velho Woody Allen, quando quer, também sabe ser um tremendo cineasta.
Por José Geraldo Couto, no blog do IMS / http://www.blogdoims.com.br/ims/woody-allen-e-o-amor-como-sintese
Dizer que Magia ao luar é entretenimento inteligente é dizer pouco. Trata-se do filme mais engenhoso e “redondo” de Woody Allen em muitos anos. Mais que isso: sintetiza à perfeição suas reflexões de maturidade a respeito da vida e seus mistérios insolúveis. Tudo isso com a leveza e o savoir-faire dos melhores momentos do diretor.
Numa narrativa em que tudo gira em torno do engano e do autoengano, a trama é, ela própria, enganosamente simples: Stanley (Colin Firth), um célebre mágico inglês que atua sob o nome artístico de Wei Ling Soo, é incitado por um velho colega de profissão (Simon McBurney) a desmascarar uma jovem médium norte-americana, Sophie (Emma Stone), que está causando furor na Europa.
A ação se passa em 1928, no sul da França, onde Sophie está prestes a ficar noiva de um rapaz milionário (Hamish Linklater).
Crer ou não crer
Não cabe aqui entrar em detalhes sobre o desenvolvimento e as reviravoltas da história, mas apenas atentar para a ideia básica que conduz a narrativa: a tensão entre a credulidade e o ceticismo. O interessante, na evolução dramática do filme, é fazer com que essa oposição se instale no íntimo do protagonista Stanley, abalando sua firme posição inicial de misantropo arrogante e sarcástico. A frase que resume sua filosofia de vida, antes da crise, parece ter saído diretamente da boca do diretor: “Nascemos e, apesar de não termos cometido nenhum crime, somos condenados à morte”. Crer ou não crer, eis a questão.
Na dialética proposta por Woody Allen, se a fé é a tese e a descrença é a antítese, uma síntese possível seria o amor, capaz de evidenciar, sem explicar, a substância mágica de todas as coisas do universo, inapreensível tanto pela ciência como pela religião.
O método de construção aqui é o que, com alguma liberdade, poderíamos chamar de socrático: o diálogo que solapa certezas e introduz a dúvida. O discurso do protagonista se enche progressivamente de expressões adversativas, do tipo “apesar de”, “se bem que”, “não obstante” (“in spite of”, “though”, “notwithstanding that”). Essa argúcia discursiva atinge o ápice no diálogo entre Stanley e sua tia Vanessa (Eileen Atkins) a respeito da médium Sophie, no qual tudo o que se fala quer dizer exatamente o seu contrário. O efeito é reforçado pelo fato de se tratar de dois estupendos atores ingleses tarimbados na arte do understatament e do subtexto.
Epifania e sacanagem
Já se disse com razão que Woody Allen é muito mais um escritor, um dramaturgo, do que propriamente um grande cineasta. Ao contrário de um Welles ou de um Kubrick, não é na expressão visual que reside a sua força. Mesmo tendo como locações a paisagem deslumbrante da Riviera francesa, bosques e palácios majestosos, o filme poderia ser uma peça de teatro sem grande perda de substância. Ainda assim, há momentos visualmente inspirados.
Um deles é antológico. O mágico e a médium refugiam-se da chuva num velho observatório à beira-mar. Quando a chuva passa – e a intimidade entre os dois aumenta –, Stanley aciona o mecanismo que abre parcialmente a cúpula do observatório, deixando ver as estrelas e uma lua minguante. É um momento de epifania e, ao mesmo tempo, uma imagem quase pornográfica, em que o fálico telescópio está prestes a penetrar a fresta em forma aproximada de vagina. Poesia e safadeza juntas, mostrando que o velho Woody Allen, quando quer, também sabe ser um tremendo cineasta.
Por José Geraldo Couto, no blog do IMS / http://www.blogdoims.com.br/ims/woody-allen-e-o-amor-como-sintese
Indivi(dualidade)
Ainda que os dois esposos se incendeiem no frenético redemoinho de um amor apaixonado, nunca sucederá que os dois sejam um, por mais bela e reiterada que seja esta expressão, porque o amor é unificante, porém não identificante.
Dizem os amadores que, na marcha geral da experiência erótica, o clímax mais unificante é o momento em que os dois corpos e as duas almas se entregam ao frenesi vertiginoso do prazer, em que se esvaneceu toda individualidade e ficou somente reinante uma única realidade na que se fusionaram dois corpos em um corpo e duas almas em uma alma.
Porém, esta descrição não deixa de ser enganosa; a verdade certa é outra: ainda que no ápice de semelhante êxtase, ele é ele, e ela é ela. - Ignacio Larrañaga, O Casamento Feliz 2001, p. 11.
Dizem os amadores que, na marcha geral da experiência erótica, o clímax mais unificante é o momento em que os dois corpos e as duas almas se entregam ao frenesi vertiginoso do prazer, em que se esvaneceu toda individualidade e ficou somente reinante uma única realidade na que se fusionaram dois corpos em um corpo e duas almas em uma alma.
Porém, esta descrição não deixa de ser enganosa; a verdade certa é outra: ainda que no ápice de semelhante êxtase, ele é ele, e ela é ela. - Ignacio Larrañaga, O Casamento Feliz 2001, p. 11.
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Sua presença
O critério mais seguro da presença divina é a paz. - Ignacio Larrañaga, Encontro 2010 p. 162.
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