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sexta-feira, 3 de maio de 2024

POR NADA

Por um nada, me entristeci. Não, não foi por um nada porque, se tivesse sido por um nada, não teria me entristecido.

Nem quero me lembrar desse nada que não foi um nada pra não me entristecer novamente.

Assim como esse nada chegou, ele foi embora. Modo de dizer. O Jung diz que tudo fica guardadinho no inconsciente, nos dois - o pessoal e o coletivo.

Estou lidando com os dois na terapia e, seguindo o conselho do Gurgel, o Rodrigo, escrevendo "Meu querido diário..."

Ele, o Gurgel, não meu diário, diz que escrever é, muitas vezes, exorcizar-se.

Pois é o que estou fazendo, para expulsar aquele nada que me colocou diante desta página em branco.

Estava em branco e poderia ficar recheada de pensamentos porque, naquele instante, quando aquele nada me entristeceu, minha mente deu 100 voltas ao redor do mundo, com impressionantes saltos acrobáticos, do passado para o presente, do presente para o futuro.

LoucaMente!

Nem vou escrever aqui um tantinho desse turbilhão. Precisaria mais do que uma página em branco.

Vamos ao episódio seguinte.

Meu celular tocou. Levei um susto e aterrissei daquele voo acrobático. Era meu pai.

Minha LoucaMente se aquietou por um outro nada, que, dessa vez, me alegrou. Até sorri.

Então, o primeiro nada mergulhou no pedaço submerso do iceberg.

Se algum dia ele tentar emergir, volto a escrever e, quem sabe, o telefone volta a tocar.

É assim que acontece, é assim que vou levando a vida - de nadas em nadas que ora me alegram, ora me entristecem.

LIC, 3 maio 2024

terça-feira, 30 de abril de 2024

GULA

 

Ontem, almocei num restaurante por quilo perto de casa.

Comi duas coxas de frango com batatas assadas, um tanto de alface crespa, rabanete fatiado e cenoura ralada.

Minha nutricionista quantificaria como uma refeição frugal, sóbria, simples, e qualificaria como balanceada - proteína animal, carboidrato, verdura e legume.

Não costumo comer sobremesa: nem fruta nem doce.

Mas... um pudim coberto com coco ralado me atraiu. Eu amo coco e tudo feito com coco!

O prazer sugeriu uma fatia pequena sem que a necessidade pedisse.

Tanto foi o prazer que, a cada bocada, eu suspirava num gozo degustativo.

Fui saboreando lentamente para que não acabasse nunca, já insatisfeita com a quantidade.

Ah, a eterna insatisfação com a quantidade... seja lá do que for.

Diante do prato vazio, com somente uns farelos do coco ralado, imediatamente pensei em repetir.

"Só mais um pedaço", disse a mim mesma, e ouvi, prontamente, um "Não!".

Era meu médico gritando no meu ouvido "Evite açúcar!".

"Então, só mais um pedacinho", argumentei.

E, tão prontamente quanto aquela primeira voz, ouvi Agostinho (o bispo) sussurrando "Não há quem, por vezes, não tenha comido mais do que exige a necessidade".

Que consolo!

Meu estômago estava dominado pelo descontrole, mas justificado por um santo homem.

Desta vez, fatiei generosamente.

Dizem que devemos esquecer o passado.

Tentei, mas tinha pudim de coco ralado lá no Quilão novamente hoje.

Se pequei, Senhor, tenho ótimas desculpas.

LIC, 30 abril 2024

segunda-feira, 29 de abril de 2024

INVEJA

 

Nem todos os dias, caminhando pelo deserto, encontro o maná e o mel prometidos.

Ao contrário, bem ao inverso, há escassez de alimento e de doçura.

Hoje, me encontro no deserto árido e pedregoso da inveja. Que sentimento devastador...

Me faz andar na escuridão, sob ventos e tempestades que impelem minha alma para o profundo abismo de mim mesmo.

A opacidade da minh'alma fica a descoberto. Nem me reconheço mais como filho de Deus, assim criado a sua imagem e semelhança.

Ouso desejar ter o que outros têm. E me entristeço mesmo sabendo ter muito mais do que meus desejos insatisfeitos.

O que tenho hoje, me pergunto?

O desejo de me livrar desse sentimento.

Senhor, livra-me de mim!

LIC, 29 abril 2024

* * * 

Círculo Vicioso
Machado de Assis

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
"Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

"Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela."
Mas a lua, fitando o sol com azedume:

"Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume".
Mas o sol, inclinando a rútila capela:

Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta luz e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?"


domingo, 28 de abril de 2024

SAUDADE

 

Na madrugada de uma segunda-feira, dia 27 de abril de 2020, meu telefone tocou.

Mesmo antes de atender, eu sabia o motivo do telefonema.

Dona Vera tinha morrido.

Era uma morte anunciada desde a sexta-feira anterior, quando ela foi internada num hospital público com insuficiência respiratória.

Hoje, quatro anos depois, a frase "As criaturas nos oferecem zonas de serviço", encontrada ao acaso escrita na contracapa de um livro, me fez refletir sobre quem foi dona Vera. 

Com a sabedoria sem soberba dos puros de coração, ela foi uma servidora em todas as zonas que as criaturas lhe ofereceram.

Serviu sua família, seus familiares, seus amigos.

Também serviu minha família sem nunca ter sido serviçal.

Fez parte da nossa família por mais de trinta anos.

Ela nos deu grande parte do seu tempo. E nos enriqueceu com sua existência. Nos humanizou com seu amor.

Querida dona Vera... que saudade!

LIC, 28 abril 2024

sexta-feira, 26 de abril de 2024

EQUILÍBRIO

Uma fatia tostada, macia, quentinha...

Nem pra mais nem pra menos.

Assim, satisfez minha gula e aplicou minha ansiedade.

Lembrei de Js 1, 7b "não te apartes nem para a direita nem para a esquerda para que triunfes em todas as tuas realizações".

Sim. É a perfeição, o equilíbrio. Em tudo, até mesmo no pão nosso de cada dia.

Deste-me hoje, Senhor!

LIC, 26 abril 2024

quinta-feira, 25 de abril de 2024

ORACIÓN

 

Señor, te pido perdón por mis pecados, ante todo por haber peregrinado a tus muchos santuarios, olvidando que estás presente en todas partes.

En segundo lugar, te pido perdón por haber implorado tantas veces tu ayuda, olvidando que mi bienestar te preocupa más a ti que a mi. 

Y por último te pido perdón por estar aquí pidiéndote que me perdones, cuando mi corazón sabe que mis pecados son perdonados antes que los cometa, ¡tanta es tú misericordia amado Señor!

Facundo Cabral (oración dilecta de mi madre)

quarta-feira, 24 de abril de 2024

23 DE ABRIL - SÃO JORGE

 

gravura de Rogério Fernandes


Cada um é São Jorge, cada um é Dragão

Em janeiro deste ano, a propósito da novela “Salve Jorge”, publiquei algumas reflexões sobre o significado profundo, quase sempre inconsciente, destas duas figuras: o santo guerreiro São Jorge e o terrível dragão. Como celebramos no dia 23 de abril a festa do santo, até com um feriado na cidade do Rio de Janeiro, é oportuno voltar ao tema de forma mais resumida.

Sabemos que a figura do dragão é um tema recorrente em várias culturas, com significados até opostos. Assim, no Ocidente é negativo: representa o mal e o mundo ameaçador das sombras. No Oriente, é positivo: é símbolo nacional da China, senhor das águas e da fertilidade. Entre os astecas, era a serpente alada (Quezalcoatl), expressão de sua identidade cultural.

Não raro, os pobres entre nós dizem: “Para me manter,  tenho que matar um dragão por dia”, pois assim o exige a dureza da vida.

Muitos antropólogos e psicólogos que trabalham sobre o tema dos arquétipos, como Carl Gustav Jung, afirmam que o dragão representa uma das figuras transculturais mais ancestrais da História humana. É a percepção de que a nossa identidade profunda, o nosso eu, não nos é dado simplesmente pelo fato de sermos humanos. Ele tem que ser conquistado numa luta diuturna, marcada por ameaças e lutas.

Esta situação é representada pelo dragão, nosso inimigo principal. Ele quer devorar o eu ou impedir que se liberte e faça o seu caminho de autonomia e de liberdade. Só assim seríamos plenamente humanos.

Por isso, junto com o dragão sempre vem o cavaleiro São Jorge que com ele se confronta numa luta renhida. Qual é o significado do dragão e de São Jorge? Tanto um como o outro são partes de nossa realidade humana. Cada um de nós carrega um dragão e um São Jorge dentro de si.

Isso é assim porque a nossa vida é sempre feita de luz e de sombras, do dia-bólico (aquilo que separa) e do sim-bólico (aquilo que une). Quem vai triunfar: São Jorge ou o dragão? A luz ou a sombra? A nossa melhor parte ou a nossa parte pior? Ambas coexistem e sentimos a sua presença em cada momento, às vezes, na forma e raiva ou de amor ou de violência ou de bondade e assim por diante.

É aqui que entra a importância de uma identidade forte, de um eu vigoroso: um São Jorge que possa enfrentar as nossas sombras e maldades, o dragão, e fazer triunfar nossa parte melhor.

Sabemos que o caminho da evolução leva a humanidade do inconsciente para o consciente, da fusão cósmica com o Todo para a emergência da autonomia do eu livre e forte. Essa passagem é sempre dramática, tem que ser levada avante ao largo de toda a vida, porque os mecanismos que querem manter cativo o eu e impedir a emergência de nossa identidade permanentemente estão ativos. E é preciso esforço e coragem para libertar o eu e conquistar a própria identidade e também a liberdade pessoal.

São Jorge é o que nos mostra como, nessa luta, podemos ser guerreiros e vencedores. Ele enfrentou o dragão: mostra a força do eu, da própria identidade, garantindo a vitória.

Mas esta vitória não se conquista uma vez por todas. Ela tem que ser renovada a cada momento, na medida em que as amarras vão surgindo. Daí a importância uma ligação com São Jorge, como uma fonte de energia e de força, capaz de nos assistir na luta até alcançar a vitória.

Há, contudo, um drama do qual não nos podemos furtar. Não se trata de um defeito de construção. Mas é uma marca da nossa existência no espaço e no tempo. Por mais que lutemos e vençamos, o dragão está sempre aí nos espreitando. Ele nos acompanha. Mas ainda: é uma parte de nós mesmos, de nosso lado obscuro, mesquinho, menor que nos impede de sermos plenamente humanos. Mas também somos acompanhados por São Jorge que nos assiste na luta.

Por esta razão, nas muitas lendas existentes sobre São Jorge, ele não mata o dragão, mas o vence mantendo-o domesticado, amarrado e submetido aos imperativos do eu e da identidade pessoal. Ele não pode ser negado e eliminado, apenas integrado de tal forma que perca seu lado ameaçador e destruidor. Pode até nos ajudar a sermos humildes e evitarmos a demasiada autoconfiança. Daí a vigilância e a referência a São Jorge que não só compensa a nossa falta de energia, mas nos pode valer poderosamente.

É interessante observar que em algumas representações, especialmente uma famosa de Barcelona (é seu patrono da Catalunha), o dragão aparece envolvendo todo o corpo de São Jorge. Numa gravura de Rogério Fernandes, artista brasileiro, o dragão aparece envolvendo o corpo de São Jorge; este o segura pelo braço colocando o rosto do dragão, nada ameaçador, na altura de seu rosto. É um dragão humanizado, formando uma unidade com São Jorge.
     
Noutras (no Google há 25 páginas de gravuras de São Jorge com o dragão) o dragão aparece como um animal manso sobre o qual São Jorge de pé o conduz, sereno, não com a lança pontiaguda, mas com um bastão.

A pessoa que não renega o dragão, mas o mantem sob seu domínio consegue uma síntese feliz dos opostos presentes em sua vida. Deixa de se sentir dividido; encontrou a justa medida pois alcançou a harmonização do eu e de sua identidade luminosa com o dragão sombrio, o equilíbrio dinâmico do consciente com o inconsciente, da luz com a sombra, da razão com a paixão, do racional com o simbólico, da ciência com a arte e da arte com a religião. Esta pessoa emerge como um ser humano mais rico, mais sereno, mais compreensivo, tolerante e compassivo, irradiando uma aura boa ao seu redor.

A confrontação com as oposições, do dragão com o São Jorge, e a busca da síntese, constitui a característica de personalidades exemplares que encontramos tantas por aí. Tais são figuras de Gandhi, de Luther King Jr. de Dom Helder e, parece também, do atual Papa Francisco.

Repetimos: importa reconhecer que o dragão amedrontador e o cavaleiro heroico São Jorge são duas dimensões de nós mesmos. Nosso desafio é fazer que São Jorge tenha a primazia e não deixe que o dragão nos derrote e tire o sentido e o gosto de viver.

Muitos brasileiros, especialmente os cariocas, têm grande veneração por São Jorge; ela é tão forte quanto a de São Sebastião, patrono oficial da cidade. Mas este possui um inconveniente: é um guerreiro, cheio de flechas, portanto “vencido”. O povo sente a necessidade de um santo guerreiro corajoso “vencedor”. Aí São Jorge representa o santo ideal. Na novela “Salve, Jorge” ele é o herói que salva as mulheres traficadas contra o dragão do tráfico internacional de mulheres.

Por fim, cabe uma observação de ordem filosófica: seguramente aqueles que veneram São Jorge não saibam nada disso que explanei acima acerca da coexistência dos dois em nossa vida. Nem precisam saber. Basta que tenham consciência de que a vida é uma permanente luta entre o que é bom para mim e para os outros e entre o que é mau que deve ser evitado e combatido. E acreditar que a virtude é preferível ao vício e que a palavra final terá São Jorge e não o dragão.

Nessa fé, saímos todos fortalecidos para os embates que ocorrerão pela vida afora com a assistência ponderosa do guerreiro vencedor São Jorge.

Fonte: Leonardo Boff, teólogo, filósofo, pesquisador e escritor.  


segunda-feira, 22 de abril de 2024

DIA INTERNACIONAL DA MÃE TERRA (GAIA)

 



"To me, it underscores our responsibility to deal more kindly with one another, and to preserve and cherish the pale blue dot, the only home we've ever known." 
Carl Sagan, Pale Blue Dot -

"Para mim, isso reforça nossa responsabilidade de sermos mais gentis uns com os outros e de preservarmos e valorizarmos o pálido ponto azul, a única casa que conhecemos."

"Para mí, subraya nuestra responsabilidad de tratar con más amabilidad a los demás, y de preservar y valorar el punto azul pálido, el único hogar que hemos conocido." 


quinta-feira, 18 de abril de 2024

UM CONTO PARA ADULTOS


Era uma vez um círculo em que faltava um pedaço. Um grande triângulo tinha sido cortado de sua borda. 

O círculo queria voltar a ser inteiro, sem que lhe faltasse nada. 

Assim, saiu à procura do pedaço que lhe estava faltando. Mas, por estar incompleto, só conseguia rodar muito devagar enquanto ia rolando pelo mundo.

E porque rolava devagar, admirava a vida pelo caminho. Conversava com as pessoas. Gozava o brilho do sol.

Ele encontrou uma porção de pedaços, mas nenhum deles servia. Alguns eram muito grandes, outros pequenos demais. Alguns eram muito redondos, outros muito pontudos.

Assim, foi deixando todos pelo caminho e continuou procurando.

Um dia, no entanto, ele encontrou um pedaço que servia perfeitamente. Ficou muito feliz. Agora podia estar inteiro, sem nada faltando.

Incorporou o pedaço que lhe faltava e começou a rolar.
 
Agora que era um círculo perfeito, podia rolar muito rápido, rápido demais para notar o sol, rápido demais para conversar com as pessoas e admirar a vida.

Ao se dar conta de como o mundo lhe parecia diferente, agora que rolava tão rapidamente, ele parou, deixou o pedaço que havia encontrado na beira da estrada e começou a rolar devagar para longe, à procura pelo pedaço que faltava.

Source: The missing piece, by Shel Silverstein

quarta-feira, 17 de abril de 2024

ORAÇÃO

 


CORAGEM PARA REZAR 
(excerto)
 
(...) durante as Grandes Festas rezamos como nunca. São horas e mais horas de oração sem intervalo. Qual é a importância desse esforço? Afinal de contas, será que Deus precisa das nossas rezas ou nós rezamos por uma necessidade do ser humano?
 
Mais ainda, por que precisamos rezar um texto preestabelecido ao invés de usarmos nossa criatividade e, finalmente, por que precisamos fazê-lo aqui, numa sinagoga, e não dentro de nossas casas?
 
Essas são questões que foram enfrentadas por filósofos c teólogos de todas as gerações 
e continuam sendo discutidas em nossos dias.
 
As festas judaicas foram sempre momentos de reunião de todo o povo. Instantes em que o indivíduo tem a sensação de pertencer a algo maior: a um conjunto, a uma história.
 
Assim, as orações têm o objetivo de nos unir e reforçar o sentimento de Hemshechiut - continuidade. Para isto não permanecemos em nossas casas, mas nos reunimos nos Batei Hacnesset, sinagogas ou, literalmente, casas de reunião. Não rezamos em diversas línguas, usando textos diferentes. Procuramos atingir o uníssono.
 
Contudo, persiste o desafio. Dentro do coletivo, buscar o individual. Em meio à multidão, discernir o eu de dentro do todo e travar um diálogo que seja apenas entre mim e Deus.
 
E aqui é necessária a coragem. Apenas eu conheço a profundidade do que me aflige, é somente minha e d’Ele a alegria daquilo que com Sua ajuda conquistei.
 
E então surge a Amidá. Um poderoso silêncio que pode ensurdecer mais que o sopro de dezenas de shofarot. Aquele poderoso momento de Deus comigo. Um diálogo sem interferências. Criador e criatura num acerto de contas. Num confronto sem cenário ou bastidor. O encontro com "E" maiúsculo.
 
Mas ainda persiste a pergunta: quem precisa deste encontro, somos nós ou Ele? E a resposta é: são os dois. Pois o Deus só existe enquanto houver quem espie para cima e busque por Ele e nós só existimos enquanto Ele olhar para baixo e nos der força para seguir em frente.
 
Estamos falando de uma experiência extremamente difícil. Rezar exige paciência, fé, disciplina e, principalmente, coragem. Muitos poderão acreditar que estou bêbado mas sou eu que saberei a hora de parar.
 
Apenas para resumir:
 
Oração é a busca do particular que acontece em meio ao coletivo.
 
Partimos de um texto em hebraico para no fim atingirmos um contato intimo com o Eterno, sem regra ou restrições.
 
Chana (Ana) nos ensina que é preciso ter coragem para travar um diálogo sincero com Deus. (1Sm 1)

E, finalmente, tanto Ele como nós necessitamos deste encontro.
 
Estamos iniciando nossos serviços de Grandes Festas e convido vocês a experimentarem com bastante entrega esta sensação. Já que vieram até aqui aproveitem cada momento para estarem com todos e também estarem apenas consigo mesmos.
 
Vamos ter a coragem de fecharmos os olhos, quando assim desejarmos, e apenas mexermos nossos lábios. Em outros momentos, cantemos com força as melodias que significam algo para cada um de nós, ou simplesmente fiquemos em silêncio.
 
Vetaher Libenu Leovdechá Beemet.
Purifique os nossos corações para que as orações neste Rosh Hashaná sejam sinceras.
 
Vekabel Berachamim Uvratzon et Tefilateno.
E acolha com piedade e boa vontade as nossas orações.
 
Fonte: Michel Schlesinger, “Diálogos de um rabino”: reflexões para um mundo de monólogos 
 




PALE BLUE DOT


Look again at that dot. That's here. That's home. That's us.

On it everyone you love, everyone you know, everyone you ever heard of, every human being who ever was, lived out their lives.

The aggregate of our joy and suffering, thousands of confident religions, ideologies, and economic doctrines, every hunter and forager, every hero and coward, every creator and destroyer of civilization, every king and peasant, every young couple in love, every mother and father, hopeful child, inventor and explorer, every teacher of morals, every corrupt politician, every "superstar," every "supreme leader," every saint and sinner in the history of our species lived there -- on a mote of dust suspended in a sunbeam.

The Earth is a very small stage in a vast cosmic arena.

Think of the rivers of blood spilled by all those generals and emperors so that, in glory and triumph, they could become the momentary masters of a fraction of a dot.

Think of the endless  scarcely distinguishable inhabitants of some other corner, how frequent their misunderstandings, how eager they are to kill one another, how fervent their hatreds.

Our posturings, our imagined self-importance, the delusion that we have some privileged position in the Universe, are challenged by this point of pale light.

Our planet is a lonely speck in the great enveloping cosmic dark.

In our obscurity, in all this vastness, there is no hint that help will come from elsewhere to save us from ourselves.

The Earth is the only world known so far to harbor life. There is nowhere else, at least in the near future, to which our species could migrate.

Visit, yes. Settle, not yet. Like it or not, for the moment the Earth is where we make our stand.

It has been said that astronomy is a humbling and character-building experience.

There is perhaps no better demonstration of the folly of human conceits than this distant image of our tiny world.

To me, it underscores our responsibility to deal more kindly with one another, and to preserve and cherish the pale blue dot, the only home we've ever known.

Carl Sagan, Pale Blue Dot, 1994

terça-feira, 16 de abril de 2024

TIME FOR REFLECTION

 

In the beginning...

Hashem made three types of creatures: the angels, the animals and the human beings.

The angels, He made from His pure word. Angels have no desire to do evil. They cannot deviate for a moment from His purpose.

Animals have only their instincts to guide them. They too follow the commands of their Creator. 

The Torah states that Hashem spent almost six whole days of creation shaping these creatures.

Then, just before sunset, He took a small amount of earth and, from it, created man and woman.

An afterthought?
Or His greatest achievement?

So, what is this thing?
Man?
Woman?

It's a being with the power to disobey.
Among all creatures, we have free will.

We are suspended between the clarity of angels and the desires of animals.

Hashem has given us the choice, which is both a privilege and a burden.

So we must choose the tangled life we live.

Rav Krushka

Source: "Disobedience" (movie)

SANTO AFONSO DE LIGÓRIO




SANTO AFONSO DE LIGÓRIO (1696-1787)

Durante sua vida, acostumou a rezar oito horas por dia, dormia em torno de quatro horas e dividia seu tempo entre Deus, os escritos e as obrigações de governo de sua congregação e de sua diocese. 

Foi corajoso, decidido e, ainda nos primeiros anos de seu sacerdócio, fez um voto heroico: jamais perder tempo.

Sua barba era sempre mal cortada por isso. Enquanto segurava a navalha numa mão, trazia um livro na outra, pois, assim, não perdia tempo tendo de parar para ler e preparar seus sermões.

A leitura durante o aparo da barba lhe dava mais tempo para atender confissões.

No final de sua vida, Santo Afonso já não conseguia caminhar. A artrite endureceu suas articulações a ponto de não mais conseguir escrever com a pena que tanto usou para o bem da Igreja. 

As longas vigílias escrevendo seus 111 livros, centenas de cartas e dezenas de sermões lhe renderam uma enxaqueca extenuante que o acompanharia até o final de sua vida. Para aliviar as dores excruciantes, colocou um pedaço de mármore quebrado sobre sua mesa de trabalho para nele recostar sua testa e conseguir algum alívio.

Sua coluna vergou sob o peso dos anos e das muitas horas no confessionário onde, não raras vezes, atendeu por 10, 12 ou mais horas todos quantos o buscavam. 

Seu queixo chegou a encostar em seu peito a ponto de abrir uma ferida. Na Santa Missa, por conta da deformidade da coluna, já não era mais possível virar o cálice do Preciosíssimo Sangue para bebê-lo. Era necessário colocar uma cânula para que pudesse sorver seu conteúdo.

Santo Afonso viveu até quase 91 anos, sofreu muito, foi traído pelos que amava, caluniado, detestado por outros, mas em tudo se dizia merecedor desses dissabores e, a cada nova cruz, agradecia a Cristo. 

Devoto apaixonado de Nossa Senhora, sempre pedia aos religiosos, que lhe faziam companhia, para que lessem algo sobre Ela. Numa dessas ocasiões, ao ouvir o trecho de um livro exaltando as virtudes e graças que Nossa Senhora recebeu, ficou tão eufórico e disse ao irmão que lia que gostaria muito de saber quem era o autor de palavras tão inspiradas e qual seria o título do livro. 

Sem titubear, o religioso abriu a página de rosto do volume à vista de Afonso e disse em alto e bom tom: “O livro chama-se Glórias de Maria e seu autor é Monsenhor Alfonso Maria de Ligório”. 

Confuso e envergonhado, naquele dia ele não quis tomar mais nenhum alimento e não disse mais nenhuma palavra. Os anos e a velhice o haviam feito esquecer da obra que tinha publicado em 1750.

Fonte: @raphael.tonon

segunda-feira, 15 de abril de 2024

EPICTETO

 


BERTOLD BRECHT

 

Nós vos pedimos com insistência:

Nunca digam – Isso é natural – diante dos acontecimentos de cada dia.

Numa época em que reina a confusão,

em que escorre o sangue, em que se ordena a desordem,

em que o arbítrio tem força de lei,

em que a humanidade se desumaniza...

Não digam nunca – Isso é natural! –

Para que nada passe a ser imutável.

Bertold Brecht (1898-1956)

SALVE-SE!


 

MAU e MAL


VOCÈ PRECISA?

POSSO FAZER PRA VOCÊ.

(11) 99103-5327
 

BONS HÁBITOS


 





LIVRE-ARBÍTRIO



No princípio...

Hashem fez três tipos de criaturas: os anjos, os animais e os seres humanos.

Os anjos, Ele fez de Sua pura palavra. Os anjos não têm desejo de fazer o mal. Eles não podem se desviar nenhum momento de Seu propósito.

Os animais apenas têm seus instintos para guiá-los. Eles também seguem as ordens de seu Criador.

A Torá diz que Hashem gastou quase seis dias inteiros da Criação moldando essas criaturas.

Então, um pouco antes do pôr do sol, ele pegou um pouco de terra e com isso moldou o homem e a mulher.

Uma ideia de última hora ou Sua maior realização?

Então, o que é isso?
Homem?
Mulher?

É um ser com o poder de desobedecer.
A única entre tantas criaturas que tem livre-arbítrio.

Ficamos suspensos entre a claridade dos anjos e os desejos dos animais.
Hashem nos deu Escolha, que é um privilégio e um fardo.

Portanto, devemos escolher a emaranhada vida que vivemos.
Rav Krushka

GOOD AND BAD

Actually the deeper research tell us it's more like 67 days to build an habit.

We are what we repeatedly do. Excellence, therefore, is not an achievement, but a habit.”

Aristotle (384 a.C - 322 a.C.)