quarta-feira, 5 de junho de 2024

CRONOS

Todos os seres humanos desejam a imortalidade sem que muitos nem tenham consciência disso.

A metáfora "plante uma árvore, tenha um filho, escreva um livro", mesmo que a ordem dos fatores não seja essa, não altera o produto final: a imortalidade.

São ações que buscam algo que vai além de Cronos, o tempo destrutivo e inexpugnável.

Cronos é o filho mais novo de Urano (o Céu) e de Gaia (a Terra). Ele é um deus atroz, que devora os próprios filhos. Tinha lá seus motivos. Eles viviam às turras lá no Olimpo.

Mas além dessa conclusão primária e prosaica, há uma mais profunda para esse canibalismo mitológico. Cronos rege e devora o destino dos humanos, limita a nossa vida dentro de si.

E ainda que eu meça Cronos com as batidas do coração e não com as do relógio, como sugeriu Rubem Alves, um dia ele me devorará também.

Todo essa digressão pseudoexistencialista teve uma única causa: acordei com meu primeiro fio de cabelo branco.

Ontem, eu não tinha.

Cronos é cheio de surpresas e insaciável.

"Senhor, ensina-nos a contar nossos dias, para que tenhamos um coração sábio!" (Sl 90, 12)

LIC


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