A LUCCA
Alegria mesclada com saudade me inundou quando, no dia seguinte, conhecemos Lucca sob o sol da Toscana. Esses mesmos sentimentos me envolveram quando estive em Polignano a Mare, la città dei miei nonni paterni Antonio Centrone e Mariana Scagliusi.
Quando criança e adolescente, passeei por Lucca accompagnata con il mio nonni materno, il lucchesi Enrico Della Santa. Suas histórias me seduziam e nunca imaginei, mesmo sonhando conhecer, andar por suas ruelas medievais de paralelepípedos entre os muros de pedra que a circundam.
Confesso que senti como se uma fada-madrinha mi avesse incantato e portato in queste due città. Na verdade, esse encantamento me acompanhou nos 29 dias da nossa viagem.
Lucca é também a terra natal do pintor ítalo-brasileiro Alfredo Volpi e de Giacomo Puccini. Al secondo piano di un antico edificio nel cuore di Lucca, situato nell’appartamento in cui Puccini è nato il 22 dicembre 1858, o Puccini Museum revive esse famoso compositor de ópera nas partituras assinadas de suas primeiras composições, cartas, quadros, pinturas, fotografias, esboços, inclusive no pianoforte Steinway & Sons su cui Giacomo Puccini compose Turandot.
Lucca é encantadora, uma pequena grande cidade. Para percorrer seus 185 km de extensão, de traçado irregular, alugamos um quadriciclo, pois apenas alguns táxis circulam no centro histórico.
Nós quatro nos acomodamos e partimos para admirar as construções medievais, as muitas torres, os jardins, as mais de 100 igrejas, particularmente a igreja de Santa Zita, que deu origem ao sobrenome da minha mãe – Della Santa. Vovô contava que eles eram descendentes dessa santa, padroeira das empregadas domésticas.
Depois de poucas pedaladas, a Arianne notou que a mochila, onde ela guardava os passaportes, documentos e dinheiro, tinha caído no chão pelo vão que havia nos assentos entre nós duas. Tudo estava naquela mochila. Quase enfartei!
A Arianne e o Danilo saíram enlouquecidos para procurar. Ma benedetto Dio! Depois de alguns minutos desesperadores e muitas lágrimas, vimos o dono da loja de aluguel de bicicletas na calçada, gesticulando em nossa direção. Lá estava a preciosíssima mochila! Uma senhora, que caminhava por perto, viu a mochila cair. Ela nos chamou para avisar, mas não ouvimos. Então, a benedetta signora entregou a mochila na loja na certeza de que voltaríamos para devolver o quadriciclo.
Che sollievo! Per me è stata l'ennesima dimostrazione che Dio è stato con noi per tutto il tempo. Só tínhamos que agradecer, agradecer e agradecer.
Continuamos o passeio e chegamos à Basilica di San Frediano que fica na Piazza do mesmo nome. Várias capelas da nobreza foram adicionadas ao interior dessa basílica nos séculos XIV a XVI. Entre elas, na nave direita, a capela de Santa Zita, decorada com telas dos séculos XVI e XVII retratando episódios da sua vida.
Zita de Lucca, aos 12 anos, foi trabalhar como empregada doméstica na casa da rica família Fatinelli, à qual serviu por 48 anos, até sua morte, em 27 de abril de 1278, sempre se distinguindo por sua bondade e atos de caridade.
Ela foi canonizada em 1696 após o reconhecimento de cento e cinquenta milagres atribuídos à sua intercessão. Quando seu corpo foi exumado em 1580, descobriu-se que estava incorrupto após 302 anos enterrado. Dio fa miracoli!
Eu chorei diante do relicário de vidro onde está exposto seu corpo mumificado, deitado em uma cama de brocado. Pensei agradecida: “No meu DNA tem algo dela”.
Continuando nosso passeio, já sem o quadriciclo, chegamos na Torre Guinigi, a mais importante da cidade, que pode ser avistada de longe porque, no seu topo, há um jardim com sete azinheiras que insistem em crescer nesse local tão inusitado e pouco provável.
Para chegar lá, é preciso subir 25 lances de escadas, num total de 225 degraus (ela está a 45 metros do solo), mas que garantiram à Arianne e ao Danilo uma vista lindíssima do centro da cidade, da Piazza Anfiteatro, dos Alpes Apuanos, dos Apeninos e do Monte Pisano.
O Zé Antônio e eu, claro, não nos aventuramos. Fomos explorar as várias lojinhas nos arredores, onde comprei, entre outras coisas, uma camiseta, um moletom e um boné de Lucca para meu amado neto Lucca.
Almoçamos num restaurante delicioso – a cidade tem boa fama pelas suas escolas de gastronomia e bons restaurantes. No final do dia, fomos para o hotel tomar um banho e voltamos para jantar na Da Ciacco Lucca, famosa por seus lanches feitos na hora, com ciabatta, mortadella, stracciatella di bufala, pomodori secchi e rucola, na Piazza Napoleone.
A cidade estava tranquila e a noite nos convidava a uma caminhada. Foi o que fizemos e, grata surpresa, nós nos deparamos com o teatro onde seria comemorado os 100 anos da morte do grande Puccini.
Che giorno meraviglioso e indimenticabile!
Pesquisa e texto: LIC
Fonte: Maria Ana Centrone Santini
Lucca é una meraviglia. !!!!
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