Era uma vez... um gato xadrez.
"Um gato xadrez, vovó?! Não existe gato xadrez!", o Luca disse.
O Luca tinha razão. Ele tem 9 anos. É meu neto primogênito, filho do meu filho primogênito.
O Felipe e a Carolina, meus dois outros netos, olharam pro Luca e pra mim sem entender porque um gato não podia ser xadrez.
É que o Felipe tem 4 anos e a Carolina tem 2 anos e, nas historinhas que eles escutam, tudo pode acontecer.
Todos estavam em férias. Não fomos ao parque porque era uma tarde de julho fria e chuvosa.
Então, começou a sessão “Senta que lá vem história”, com pipoca.
O Thomas, meu neto que tem 1 ano, nem se importou com o gato xadrez. Quando escutou “Senta que lá vem história”, subiu na mesa da sala de jantar. Ele está com essa mania agora. Acho que é porque ele é o mais pequenininho de todos e não quer ficar por baixo.
Voltando ao gato xadrez, pra salvaguardar a fantasia e a imaginação pro Felipe e pra Carolina, contei pra eles a história de um macaco-narigudo, que existe de verdade! Mas o da história foi "inventado".
Num lugar muito, muito longe daqui, morava um macaquinho.
O nome dele era Marcel e seu apelido era macaco-narigudo.
O nariz do Marcel era enorme, maior que o nariz de qualquer macaco que existe no mundo. Tinha 10 centímetros! Era do tamanho de uma lagartixa!
Todos na família dele tinham nariz grande.
Mas o Marcel não gostava de ter aquele narigão, pois ele era o único macaco-narigudo na escola.
Ficava muito, muito chateado. Ia pra escola triste e acabrunhado.
Tirava nota baixa porque vivia distraído só pensando no que fazer pra diminuir seu narigão.
Um dia, a professora escreveu “martelo” na lousa e o Marcel escreveu “castelo” no seu caderno.
Voltando da escola, o Marcel não achava a árvore onde morava e subiu na árvore do macaco seu vizinho.
Dona Monke, sua mãe, já estava preocupada quando o Marcel chegou e foi logo se explicando: "Eu me confundi e subi na árvore do senhor Zumba”, mamãe!"
Toda noite, tinha briga porque o Marcel deitava na cama errada, quer dizer, no galho errado. "Cada macaco no seu galho", reclamava o Cacau, seu irmão.
Dona Monke, sem saber que o Marcel andava distraído por causa do narigão, achou que ele não estava é enxergando bem.
Resolveu levá-lo ao doutor que cuidava de olhos.
"Dona Monke, seu filho precisa de óculos”, o doutor disse depois de examiná-lo.
O Marcel não gostou nem um pouco. "Lá na escola, agora, vão me chamar de macaco-narigudo quatro-olhos, mamãe”, ele disse muito, muito triste.
Dona Monke, cuidadosa como era com seus filhos, não deu muita atenção e prontamente comprou óculos pro Marcel. Com uma armação grande e grossa por causa do seu narigão.
Pois não é que, se olhando no espelho, o Marcel ficou muito, muito feliz?!
Viu que os óculos disfarçavam seu nariz!
Desse dia em diante, não tirou mais os óculos nem pra dormir.
Nem errou mais de árvore e nem de galho.
Na escola, nunca mais escreveu nada errado. É o primeiro da classe e seu apelido agora é macaco-narigudo sabichão.
Porém, quando o Marcel se apaixonou por sua amiga de classe, a Marcelina, ele passou a usar lentes de contato.
Sabem por quê?
Eu conto da próxima vez.
LIC