segunda-feira, 29 de julho de 2024

UM OÁSIS OU UMA PADARIA?

São 5h da manhã.

Desperto sempre nesse horário, na primavera, no verão, no outono e no inverno, domingo a domingo.

Após cumprir o ritual de toda manhã, e apesar do frio, saí pra comprar pão.

Era um sábado de um feriado prolongado.

Fui a pé.

Ainda estava escuro. Ao abrir a porta de casa, uma lufada de vento e 10 °C de sensação térmica me surpreenderam.

Não cruzei com viva alma nos 300 metros que caminhei até meu destino.

Depois dos 100 metros finais, dobrei a esquina e tive a sensação que, penso eu, os beduínos têm ao cruzar o deserto e avistar um oásis.

Foi um maravilhamento.

Parei por segundos para admirar aquele "oásis" reluzente que se destacava no cenário escuro da manhã.

Aquela imagem não sai da minha memória.

Caminhei mais lentamente pra que a proximidade não desfizesse o encantamento.

A realidade pode destruir coisas belas.

Lembrei da Adélia Prado. De vez em quando, Deus me dá poesia. Vejo uma padaria e enxergo um oásis.

O dia começou a clarear. Senti aromas no ar, ouvi sons, percebi movimentos. O sino da paróquia ressoou seis vezes. Despertei.

Voltei pra casa com seis pãezinhos e os pés no chão. Meu mundo retomara sua ordem natural.

LIC

P.S.: Adélia Prado (1935-   ) "De vez em quando, Deus me tira a poesia. Olho pedra, vejo pedra mesmo."

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