sexta-feira, 16 de agosto de 2024

BELLA ITALIA - PREFAZIONE

 

IL SOGNO 

"Sonho que se sonha sozinho é só um sonho. Sonho que se sonha junto é realidade."

Dizem que essa frase é do John Lennon, outros afirmam que é do Raul Seixas. Não importa. 

O importante é que papai sonhou, eu sonhei, sonhamos juntos e o sonho se realizou. 

Foi assim...

Tenho descendência italiana. Meu avô materno, Enrico Della Santa, era de Lucca, uma das joias da Toscana, e a vovó, Fortunata Brina, nasceu em Ferrara, uma comuna da Emilia-Romagna, no norte da Itália. Os pais do papai – Antonio Centrone e Mariana Scagliusi – eram de Polignano a Mare, uma cidade à beira do Adriático, na província de Bari, capital da Puglia, região da Itália meridional.

Nasci e cresci envolvida amorosamente pela tradição e cultura italianas.

Meus cinco sentidos foram embebidos pelos aromas, sabores e cheiros das comidas daquelas regiões. Por imagens de suas festas sacras e profanas. Pelos sons de vozes, dialetos, cantos e músicas.

A memória desse tempo remoto perdura até hoje. 

Recordo os almoços em família, o cabrito ensopado, orecchiette ao sugo fatto dalla mia nonna Mariana, i deliziosi piccicatelles com erva doce. As massas recheadas - cappelletti, ravioli – fato dalla mia nonna Fortunata, regados com vinho que vovô Enrico amava e que também bebíamos, mas misturado com água.

Em junho, honrávamos San Vito martire, padroeiro de Polignano a Mare e do bairro do Brás, em São Paulo. Participávamos de uma festa típica da colônia barese, e da procissão por todas as ruas desse bairro. Em cada esquina, encontrávamos irmãos da vovó, do vovô Antonio, meus tios, tias, primos, primas, amigos.

Na bruma do passado, também vejo um quadro. Em destaque na parede da casa da vovó Mariana, ele retrata uma praia próxima de una grotta naturale, a Grotta Pallazzese, em Polignano a Mare.

Ao longe, ouço "Volare" na voz de Domenico Modugno, também ele um polignanesi, e as canções napolitanas que papai amava.

Porém, mais intensamente do que eu, isso tudo foi saboreado por meu pai. Parecia que ele já estivera e vivera lá.

A paixão com que falava daquela terra distante traduzia para mim seu desejo de conhecê-la.

"Um dia, iremos todos até lá, papai", vez ou outra eu lhe dizia.

 A vida foi acontecendo. Como sua prioridade sempre foi o bem-estar da mamãe, de seus filhos e netos, uma viagem à Itália não fez parte dos seus planos.

Papai morreu no tempo de Deus. Cedo demais para mim.

Todas essas lembranças, pouco a pouco, fizeram crescer em meu coração o desejo de realizar seu sonho.

Eram tantos os impedimentos que cheguei a pensar ser impossível.

Como para Deus tudo é possível, eu creio, no início de 2023, minha filha Arianne me deu de presente a viagem para a Itália.

Por mais que se diga ao contrário, existem coisas boas nesta vida!

Foram os dias em que estive na terra dos meus avós, muito mais emocionantes, lindos, perfeitos do que eu poderia imaginar.

Mio papa era con me. 

Texto: LIC

Fonte: Maria Ana Centrone Santini

2 comentários:

  1. O que comentar ? Maravilhoso o sonho de todos nós filhos e netos de italianos, cada um de uma região da Bella Itália!!!

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  2. Histórias de vidas e tradições!
    Sonhar sempre...

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