segunda-feira, 26 de agosto de 2024

JAMILA

 

Jamila acabara de pousar na janela de um apartamento no 16° andar depois de um longo voo.

Grudadinha no vidro, viu duas pessoas olhando admiradas pra ela e ouviu uma dizer pra outra: "As pessoas acreditam que, se uma joaninha 🐞 pousar nelas, é sinal de boa sorte". 

Jamila ficou muito feliz ao escutar isso.

Dias atrás, ela decidira ser vegetariana porque estava enjoada de comer os insetos que estragavam as hortas que visitava.

Mas, se parasse de comer insetos, ficaria sem emprego.

As joaninhas ajudam os plantadores a cuidar das  hortaliças comendo os bichinhos que destroem suas plantações.

Ao saber que as joaninhas eram sinal de sorte, muito se agradou. “Oba, esse será meu novo emprego. Vou trazer boa sorte pousando nas pessoas.”

Ela se lembrou que, nos seus voos diários, sempre encontrava pessoas grandes, e também gente pequena, tristes, preocupadas, algumas até chorando.

"Acho que vou ter que voar mais baixo pra chegar perto delas", matutou. Isso porque as joaninhas viajam bem alto, até a 1.100 metros de altura.

No primeiro dia de seu novo trabalho, ela acordou bem cedinho. Estava entusiasmadíssima em poder dar sorte pra todo mundo.

Foi até um parque. “Deve ter muita gente por lá a essa hora da manhã."

Pois tinha. Deu um voo rasante para reconhecimento à procura de quem poderia ser o primeiro sortudo.

Viu uma moça de short e camiseta sentada na beira do lago.

Ao pousar na sua perna, a moça levou um susto, começou a espernear e Jamila foi arremessada pra bem longe. 

É que, apesar das joaninhas não possuírem dentes, elas mordem, assim como se fosse uma espécie de beliscão.

Meio zonza, Jamila ajeitou seus dois pares de asas, aprumou o voo e pousou no tronco de uma árvore.

"Nossa, acho que aquela moça não sabe que trago sorte. Azar dela!", concluiu.

Respirou fundo e saiu à procura de outro sortudo.

Dessa vez, escolheu um senhor que caminhava lentamente em volta do lago apoiado numa bengala.

Pousou sobre sua mão e, mais uma vez, sua mordida, que era apenas um beliscão, provocou um saculejo que arremessou Jamila pelo ar.

Desanimada, Jamila resolveu descansar um pouco no meio da vegetação, longe de gente.

Foi aí que deu de cara com um sapo enorme que, quando a viu, pulou rapidinho no lago com medo dela.

É que as joaninhas têm as cores parecidas com as de animais venenosos. Os sapos, se tiveram outra coisa pra comer, fogem delas.

"Finalmente, eu dei sorte", ela pensou sorrindo.

Voando pra casa, Jamila lembrou do que ouvira lá naquele 16° andar: "As pessoas acreditam que, se uma joaninha 🐞 pousar nelas, é sinal de boa sorte".

"Será mesmo verdade?!", se perguntou pensativa. "Bom, amanhã, eu tento de novo."

LIC

Para Luca, Felipe, Carolina, Thomas

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