quarta-feira, 4 de setembro de 2024

BELLA ITALIA - QUARTO ATTO

VERONA, MANTOVA, VENEZA

Achei importante retornar a Verona, Mantova e Veneza para retomar memórias e elos com minha infância e juventude, com filmes e romances e com amizades construídas ao longo do tempo.

Desde que assisti ao filme “Romeu e Julieta” do Franco Zeffirelli, no Cine República, um dos mais prestigiados cinemas de São Paulo na década de 1960, Verona, la bella comune di Montecchi e Capuleti, passou a fazer parte dos meus sonhos.

Apaixonei-me perdidamente pelo ator que interpretava Romeu (Leonard Whiting) e me lembro que foi a Silvia quem me fez desistir de levar pra casa o cartaz com a foto dele que estava na entrada do cinema. Loucuras de adolescente... 

Durante o passeio que fizemos em Verona, tive a sensação de um dejà vu, uma sensação subjetiva e intensa de já ter estado lá. 

Que deslumbramento ao avistar sua suntuosa Arena que domina a Piazza Brà, cercada de inúmeros restaurantes, onde se respira o aroma e a decoração característicos das cantinas italianas.

No dia seguinte, Romeu nos “acompanhou” na estrada para Mantova, onde ele esteve exilado por ordem do príncipe Escalo, após ter assassinado Tebaldo.

Mantova não estava no nosso roteiro, mas foi uma grata surpresa. Visitamos o Palazzo Ducale, o primeiro de muitos que conhecemos rodando pela Itália, um conjunto de edifícios construído entre os séculos XIV e XVII pela nobre família dos Gonzaga.

O Palazzo tem cerca de 500 salas que ocupam uma área de aproximadamente 3.400 metros quadrados. Lindíssimo! Uma verdadeira maratona, cujas maravilhas entorpeciam um pouco o cansaço da extensa caminhada. 

Os Gonzaga viveram lá entre 1328 e 1707, quando a dinastia se extinguiu. Hoje, é um museu caro aos italianos, visitado por estudantes por sua arquitetura, decoração e obras de arte.

Eu tenho uma característica que faz com que, para que eu possa me conectar com o lugar, com o ambiente, necessito de estímulos recebidos pelo tato. Preciso “pegar”, passar a mão, sentir na pele a textura do material desgastado pelo tempo. Quando estive nesse primo palazzo, foi o que fiz, no que era possível: bancos, colunas, nas pilastras, nos prédios, nas muradas.

Em Mantova, passeamos pelas ruelas medievais, pequenos e aconchegantes espaços, com construções tão antigas e preservadas que imaginei ser possível encontrar o “meu” pobre Romeu exilado saindo de alguma delas.

Ainda em Mantova, almoçamos num delicioso e típico restaurante, dirigido por brasileiros que lá residem. Poder conversar na nossa própria língua, falando da nossa Pátria foi também uma alegria e um alento.

O dia seguinte foi todo dedicado a Veneza, un altro incanto do Veneto. Veneza é um conjunto de muitas pequenas ilhas, em uma lagoa do Adriático, que compõem um cenário de beleza indescritível, com um único inconveniente, a incrível quantidade de turistas, um burburinho de gente entrando, saindo, mexendo, fotografando, perguntando e comentando sobre o imensurável patrimônio artístico, arquitetônico, cultural, natural e gastronômico da Bella Italia, que os italianos preservam mais do que a própria vida.

É uma das cidades mais visitadas do mundo e ali, pouco a pouco, fui entendendo o porquê da impaciência, da intolerância e mesmo da falta de consideração que, de maneira geral, os italianos têm com os turistas. Nós somos, in verità, "invasores de propriedade", de suo meraviglioso paese.

Quando voltamos de Murano, uma dessas ilhas, famosa por suas fábricas de vidro, onde se fazem de pequenos enfeites e acessórios a imensos e multicoloridos lustres de cristal, caminhamos pela orla veneziana até a Ponte dei Sospiri, que também povoou meus sonhos juvenis.

A Ponte dos Suspiros é uma das mais de 400 que atravessam os canais de Veneza, ligando uma antiga prisão da Inquisição ao Palácio Ducal, usada para transportar prisioneiros. Segundo uma lenda, eles atravessavam a ponte a caminho de suas celas, suspirando por estarem vendo pela última vez o mundo exterior e suas amadas donzelas.

À noitinha, ci siamo salutati e ci siamo seduti in Piazza San Marco per brindare a questa indimenticabile giornata con un Prosecco. È stato meraviglioso!

Texto e pesquisa: LIC

Fonte: Maria Ana Centrone Santini

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