Esta é uma história baseada num fato real, e o que não é exatamente verdade, ainda assim, está correto.
Renato, se alguém tivesse me perguntado ano passado se eu acreditava em milagres, eu teria dito que "Não, absolutamente não. Sigo o meu caminho e carrego meu fardo sem esperar que 'do alto' me chegue alguma ajuda.
Você sabe, pelo tempo que nos conhecemos, no que acredito. Precisamos de sabedoria e não de religião para distinguir o certo do errado, a verdade da mentira, o bem do mal.
Conrado e eu estávamos caminhando pela av. Paulista, no final da tarde daquela sexta-feira, para um happy hour com amigos, quando ele me confidenciou isto.
Naquele dia, o mal estar - tontura, náusea, turvação visual - que vinha sentindo há três dias parecia ter se agravado.
Chamei um Uber, pois não estava disposto a dirigir. O dia foi longo.
Permaneci desatento, calado, quase inativo a maior parte do tempo. "Quando chegar em casa, procuro socorro", decidira.
Percebi que minha secretária me observava, calada. Ela é sempre muito discreta.
Quando lhe pedi que me trouxesse um copo d'água, dona Olivia prontamente me atendeu.
"O senhor não está bem, não é mesmo, sr. Conrado", ela perguntou afirmando.
Sofrer calado é sofrimento dobrado, Renato. Resolvi aliviar o incômodo compartilhando com dona Olivia o que estava sentindo.
Foi então que ela me convidou para o momento de oração daquela noite na sua igreja.
Eu, instantaneamente, me perguntei: "Mas pra quê?".
"Tem acontecido curas nesses momentos de oração", ela acrescentou, como lendo meus pensamentos.
Pois eu fui, Renato. Por quê fui, não sei. À espera de um "milagre" ou de poder presenciar um.
Participei das orações calado. Escutei atento a pregação ou sermão, não sei bem o nome certo. Recebi a bênção comunitária e, acompanhado de dona Olivia, sai...
"Curado?", eu o interrompi curioso.
Não, do mesmo jeito.
Dona Olivia me contou que já testemunhara muitas, a sua inclusive, que me contou em detalhes.
Voltei pra casa surpreso, mas ainda cético.
Naquela mesma noite, fui com minha esposa a um pronto-socorro. Diagnosticaram como síncope vasovagal. Recebi medicação e recomendação para procurar um cardiologista ou um vascular.
Bem, a partir desse dia, venho me questionando sobre "curas" e "milagres". Acontecem ou não?
Procurei literatura a respeito, estudei sobre o tema em algumas religiões, pois é um fenômeno base de quase todas elas e suas filosofias. Conversei com guias espirituais, padres, pastores, rabinos, gurus.
"Chegou a alguma certeza ou conclusão?", perguntei sofregamente. Era algo que também me interessava.
Como tínhamos chegado no Bistrô Reserva, e os amigos já estavam lá nos esperando com cerveja e petiscos, interrompemos o assunto.
Ao nos despedirmos, Conrado respondeu sucintamente.
"Hoje, eu creio, ainda sem entender, e tenho procurado olhar pras estrelas mais do que pra tela do meu celular.
LIC
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por sua visita. Para preservar a integridade deste Blog, todas as mensagens serão lidas antes de serem publicadas.
Se você gostou do conteúdo deste Blog, compartilhe.