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quarta-feira, 17 de abril de 2024

ORAÇÃO

 


CORAGEM PARA REZAR 
(excerto)
 
(...) durante as Grandes Festas rezamos como nunca. São horas e mais horas de oração sem intervalo. Qual é a importância desse esforço? Afinal de contas, será que Deus precisa das nossas rezas ou nós rezamos por uma necessidade do ser humano?
 
Mais ainda, por que precisamos rezar um texto preestabelecido ao invés de usarmos nossa criatividade e, finalmente, por que precisamos fazê-lo aqui, numa sinagoga, e não dentro de nossas casas?
 
Essas são questões que foram enfrentadas por filósofos c teólogos de todas as gerações 
e continuam sendo discutidas em nossos dias.
 
As festas judaicas foram sempre momentos de reunião de todo o povo. Instantes em que o indivíduo tem a sensação de pertencer a algo maior: a um conjunto, a uma história.
 
Assim, as orações têm o objetivo de nos unir e reforçar o sentimento de Hemshechiut - continuidade. Para isto não permanecemos em nossas casas, mas nos reunimos nos Batei Hacnesset, sinagogas ou, literalmente, casas de reunião. Não rezamos em diversas línguas, usando textos diferentes. Procuramos atingir o uníssono.
 
Contudo, persiste o desafio. Dentro do coletivo, buscar o individual. Em meio à multidão, discernir o eu de dentro do todo e travar um diálogo que seja apenas entre mim e Deus.
 
E aqui é necessária a coragem. Apenas eu conheço a profundidade do que me aflige, é somente minha e d’Ele a alegria daquilo que com Sua ajuda conquistei.
 
E então surge a Amidá. Um poderoso silêncio que pode ensurdecer mais que o sopro de dezenas de shofarot. Aquele poderoso momento de Deus comigo. Um diálogo sem interferências. Criador e criatura num acerto de contas. Num confronto sem cenário ou bastidor. O encontro com "E" maiúsculo.
 
Mas ainda persiste a pergunta: quem precisa deste encontro, somos nós ou Ele? E a resposta é: são os dois. Pois o Deus só existe enquanto houver quem espie para cima e busque por Ele e nós só existimos enquanto Ele olhar para baixo e nos der força para seguir em frente.
 
Estamos falando de uma experiência extremamente difícil. Rezar exige paciência, fé, disciplina e, principalmente, coragem. Muitos poderão acreditar que estou bêbado mas sou eu que saberei a hora de parar.
 
Apenas para resumir:
 
Oração é a busca do particular que acontece em meio ao coletivo.
 
Partimos de um texto em hebraico para no fim atingirmos um contato intimo com o Eterno, sem regra ou restrições.
 
Chana (Ana) nos ensina que é preciso ter coragem para travar um diálogo sincero com Deus. (1Sm 1)

E, finalmente, tanto Ele como nós necessitamos deste encontro.
 
Estamos iniciando nossos serviços de Grandes Festas e convido vocês a experimentarem com bastante entrega esta sensação. Já que vieram até aqui aproveitem cada momento para estarem com todos e também estarem apenas consigo mesmos.
 
Vamos ter a coragem de fecharmos os olhos, quando assim desejarmos, e apenas mexermos nossos lábios. Em outros momentos, cantemos com força as melodias que significam algo para cada um de nós, ou simplesmente fiquemos em silêncio.
 
Vetaher Libenu Leovdechá Beemet.
Purifique os nossos corações para que as orações neste Rosh Hashaná sejam sinceras.
 
Vekabel Berachamim Uvratzon et Tefilateno.
E acolha com piedade e boa vontade as nossas orações.
 
Fonte: Michel Schlesinger, “Diálogos de um rabino”: reflexões para um mundo de monólogos 
 




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