Acordei preocupada porque fui dormir preocupada por causa do filme que assisti ontem à noite.
Era um drama de suspense em que dois policiais investigam os crimes de um serial killer. O assassino
sequestra e mata suas vítimas com requintes de crueldade.
Depois do terceiro assassinato, desliguei a televisão.
Por pior que seja o filme, vou até o fim, mas meu hipotálamo foi ativado, ativou minha glândula pituitária que desencadeou a liberação de adrenalina, noradrenalina e cortisol.
Resumindo, comecei a ficar com medo.
Antes de ir pra cama, enviei mensagem pra meus filhos. Como diz a Mafalda do Quino, muitos desnorteados estão despertos à noite, até na Cochinchina.
Precisava me certificar que todos estavam a salvo. Um deles não me respondeu nem deu confirmação de leitura.
Tentei controlar aquela descarga de hormônios.
Tranquei as janelas e portas da entrada social e a de serviço a sete chaves.
Acendi todas as luzes do meu apartamento (lembrei de 📽 "Um clarão
nas trevas"), tomei banho de olho na porta do banheiro que deixei escancarada
(lembrei de 📽 "Psicose"), fui até a cozinha ver se as bocas do fogão
estavam apagadas, aproveitei pra comer uma banana, tomei um copo d’água. Dizem
que melhora o sono e contribui para a homeostase corporal.
Nisso, o relógio da igreja badalou 12 vezes.
Como o dever sempre bate à minha porta,
fui dormir. Tinha agendado uma reunião online para 8h da manhã do dia que
estava prestes a começar.
Acordei às 5h30. Ao abrir meu celular, uma
mensagem saltou aos meus olhos. “Hoje é uma página ainda em branco.”
“Sim, concordo. Mas já tem compromisso ocupando
as linhas das 8h às 9h30.”, pensei. “O
restante da página vou escrever com...”
Eu ainda não sabia, pois dependia da
mensagem que eu esperava daquele filho que nem dera confirmação de leitura – “Se
Deus é Pai, ele está bem!” – e do resultado da reunião.
Fui caminhar no parque, sem celular, pra baixar
a ansiedade. Voltei pra casa depois de uma hora de caminhada moderada, com boa
dose de endorfina.
Abri o celular. Meu filho disse que estava
tudo bem, fora dormir cedo. A reunião fora adiada.
A página daquele dia estava totalmente em
branco! Por um instante, fiquei sem saber o que “escrever”.
Foi quando o filme, aquele filme de ontem
à noite, começou a me atrair. Desliguei o celular, liguei minha Smart TV.
A maldade me paralisa, mas personalidades
"nefastas" atraem minha curiosidade. Por que algumas pessoas têm
prazer em ser cruéis? Queria respostas.
O serial killer matou com requintes sádicos mais três pessoas, mas seu instinto assassino foi frustrado na última tentativa.
E que decepção, que resposta reles o escritor (o filme foi baseado num romance) deu pra tanta maldade!
Os assassinatos eram apenas um plano de vingança contra um dos dois
investigadores.
Meia página do meu dia fora mal “escrita”.
Por isso, digo e repito, leia os clássicos!
Pelo menos, o assassinato perpetrado por Raskólnikov, em Crime e Castigo, tinha motivações filosóficas, o que, de maneira nenhuma, o justifica.
Mas nos faz refletir sobre as sombras da alma, sobretudo na possibilidade de redenção humana.
Na meia página restante desse dia, "escrevi” a
rotina da minha tranquila, estável e imutável vida.
LIC
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