terça-feira, 4 de novembro de 2014

Meu coração é um rio

Toda manhã,
sem me dar conta, meu coração...
deságua,
desanda.

É correnteza que traz
terra, tronco, orvalho,
medos, cascalho,
pó, pedra, passado.

Para! Mil vezes eu peço.
Rasga meu peito! Fere minh'alma!
Mas não adianta.

Segue turbulento.
É rio turvo, sem destino,
que a razão não alcança. - LIC, 22 mar. 2001

3 comentários:

  1. Lindo o poema. 2001! Lá se vão 23 anos. Quem sabe, a poeta, assim como eu, para acalmar o seu coração, tire as sandálias e vá entrando, devagarinho nesse rio turvo (às vezes translúcido), pise devagarinho, na lama, no cascalho, sinta os cheiros das folhas, troncos centenários submersos, tope com rochas pontiagudas que surpreendem.
    O coração batendo, em estado de atenção, alerta, vai se sentir forte. Alma lavada. Sempre um batismo essas entradas nas águas turvas.
    Na saída, um piquenique esperando! Com todas as lembranças! MARISE

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