Após a análise, reuniram-se com o
mestre das artes, Michelangelo, e, sem pudor algum, dispararam: RE-FA-ÇA!
O descontentamento, óbvio, não
era com a obra toda, mas, sim, com um detalhe, aparentemente desimportante.
Michelangelo havia concebido o
painel da criação do homem com os dedos de Deus e de Adão se tocando.
Os curadores exigiram que não
houvesse o toque, mas que os dedos de ambos ficassem distantes.
E mais: que o dedo de Deus
estivesse sempre esticado ao máximo, mas que o dedo de Adão estivesse com as
últimas falanges contraídas.
Um simples detalhe, mas com um
sentido surpreendente: Deus está lá, mas a decisão de buscá-lo é do homem. Se
ele quiser esticar o dedo, tocar-lhe-á, mas, não querendo, poderá passar uma
vida inteira sem buscá-lo.
A última falange do dedo de Adão contraída representa, então, o livre-arbítrio.
Fonte: Marko Ivan Rupnik, A arte como expressão da vida
litúrgica, Edições CNBB.
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