sábado, 4 de dezembro de 2021

Livre-Arbítrio


Quando, em 1512, Michelangelo finalmente concluiu o afresco do teto da Capela Sistina, que é considerado uma das mais famosas obras da história da arte, os cardeais responsáveis pela curadoria das obras ficaram por horas olhando e admirando o magnífico afresco.

Após a análise, reuniram-se com o mestre das artes, Michelangelo, e, sem pudor algum, dispararam: RE-FA-ÇA!

O descontentamento, óbvio, não era com a obra toda, mas, sim, com um detalhe, aparentemente desimportante.

Michelangelo havia concebido o painel da criação do homem com os dedos de Deus e de Adão se tocando.

Os curadores exigiram que não houvesse o toque, mas que os dedos de ambos ficassem distantes.

E mais: que o dedo de Deus estivesse sempre esticado ao máximo, mas que o dedo de Adão estivesse com as últimas falanges contraídas.

Um simples detalhe, mas com um sentido surpreendente: Deus está lá, mas a decisão de buscá-lo é do homem. Se ele quiser esticar o dedo, tocar-lhe-á, mas, não querendo, poderá passar uma vida inteira sem buscá-lo.

A última falange do dedo de Adão contraída representa, então, o livre-arbítrio.

Fonte: Marko Ivan Rupnik, A arte como expressão da vida litúrgica, Edições CNBB.

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