Soneto a Cristo crucificado
No me mueve mi Dios, para quererteel cielo que me tienes prometido,
ni me mueve el infierno tan temido
para dejar por eso de ofenderte.
Tú me mueves, Señor; muéveme el verte
clavado en una cruz y encarnecido;
muéveme ver tu cuerpo tan herido;
muévenme tus afrentas y tu muerte.
Muéveme, en fin, tu amor, y en tal manera,
que aunque no hubiera cielo, yo te amara,
y aunque no hubiera infierno, te temiera.
No me tienes que dar porque te quiera,
pues aunque lo que espero no esperara,
lo mismo que te quiero te quisiera.
DALÍ, Salvador | Crucifixão | Corpus Hypercubicus | 1954 |
o céu que me hás um dia prometido:
e nem me move o inferno tão temido
para deixar por isso de ofender-te.
Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
cravado nessa cruz e escarnecido.
Move-me no teu corpo tão ferido
ver o suor de agonia que ele verte.
Moves-me ao teu amor de tal maneira
que a não haver o céu ainda te amara
e a não haver o inferno te temera.
Nada me tens que dar porque te queira;
que se o que ouso esperar não esperara,
o mesmo que te quero te quisera.
*tradução de Manuel Bandeira
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