terça-feira, 25 de agosto de 2015

Alienação e realidade II

   Grandes multidões acercam-se dos santuários marianos com um fundo de bom sentimento e de interesse pessoal. Querem conseguir alguma coisa, ou agradecer um favor. Às vezes, temos a impressão de estar assistindo a uma operação de compra e venda. É o caso de tantos fiéis que chegam fazendo sacrifícios comovedores, como viajar a pé, entrar de joelhos, acender velas: contra sua aparência devota, escondem-se boas doses de interesse pessoal. Cumpre-se o que diziam os romanos: do ut des, “dou para que me dês”. Daí se origina, por exemplo, a expressão “pagar promessas”. O verbo pagar indica claramente o conceito de compra e venda.
   Trata-se hoje da saúde da mãe, amanhã, do ingresso do filho mais velho na universidade, depois de amanhã, de arranjar um bom marido para a filha, no outro dia, de um conflito matrimonial, familiar ou com a vizinhança. No fundo, buscam-se a si mesmos, não buscam amar. Raríssimas vezes, os fiéis pedem outro tipo de valores, como a fé, a humildade, a fortaleza... - Ignacio Larrañaga, O Silêncio de Maria 2012, p. 184.

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